As Sombras de Eldoria

Prólogo

Na vastidão de Eldoria, onde o brilho das estrelas era sussurrado pelos ventos e o véu entre os mundos parecia fino como um suspiro, uma profecia esquecida começava a se agitar nas profundezas. O equilíbrio delicado entre luz e trevas estava prestes a ruir, e apenas aqueles que caminhavam entre sombras e segredos poderiam mudar o curso do destino.

Capítulo 1: A Chegada da Estrangeira

A chuva caía pesada sobre o mercado de Caernhaven, transformando a praça em um emaranhado de lama e gritos abafados. Entre as barracas abarrotadas de tecidos desbotados, frutas exóticas e relíquias de origem duvidosa, uma figura envolta em um manto negro destacava-se. Seus passos eram firmes, indiferentes à multidão que se afastava ao perceber o olhar gélido que emanava de seus olhos cinzentos.

Era Kaelith, uma forasteira cujas histórias murmuradas à meia-voz oscilavam entre heroísmo e destruição. Ela tinha viajado pelas montanhas de Lurestan, atravessado desertos inclementes e enfrentado monstros que habitavam as lendas, mas sua missão agora era mais complexa. Algo em Eldoria estava profundamente errado. Uma sombra crescia no horizonte, e Kaelith sentia-se puxada por uma força que não conseguia explicar.

“Estrangeira,” chamou um mercador de cabelos grisalhos, com as mãos enrugadas segurando um pingente de prata. “Isto aqui te protegerá das sombras que espreitam.”

Kaelith olhou para o homem e para o pingente, sentindo uma energia pulsar nele. Ela hesitou antes de perguntar: “De onde veio isso?”

“Do Templo das Chamas Eternas,” respondeu o mercador em tom reverente. “Reza a lenda que foi abençoado pelo próprio Guardião do Fogo.”

Kaelith pegou o objeto, mas ao tocá-lo, vislumbres de um lugar em ruínas invadiram sua mente: um altar destruído, uma tocha queimada e um grito que parecia ecoar da própria terra. Segurando o pingente com força, ela sabia que sua jornada estava apenas começando.

Capítulo 2: O Conclave das Sombras

Nos recônditos mais profundos da Floresta de Viridien, uma reunião acontecia sob o céu noturno, ocultada por árvores ancestrais cujos galhos formavam um véu impenetrável. Doze figuras envoltas em capas escuras circundavam uma fogueira cuja chama era negra como piche. Este era o Conclave das Sombras, uma ordem secreta que há muito tempo manipulava os eventos de Eldoria das sombras.

“Os sinais estão claros,” anunciou uma voz rouca e grave. “A profecia está se cumprindo. A Guardiã retornará para reclamar o que é dela por direito.”

“E se falharmos?” perguntou outra voz, mais jovem e hesitante. “E se ela for mais poderosa do que prevíamos?”

“Então Eldoria cairá,” respondeu a voz rouca, cortando o silêncio como uma lâmina. “E com ela, todos nós.”

Uma figura mais alta ergueu-se, afastando o capuz para revelar olhos de âmbar brilhante. “Ela ainda não entende o poder que carrega,” disse, com um sorriso calculista. “Devemos guiá-la… ou destruí-la.”

Capítulo 3: O Caminho do Sangue

Enquanto a lua iluminava as planícies de Eldoria, Kaelith seguia o rastro deixado por uma caravana saqueada. O cheiro de fumaça e morte preenchia o ar, e o silêncio era perturbador. Ela sabia que não estava sozinha. O pingente em seu pescoço parecia aquecer-se, pulsando com uma frequência que ecoava em sua própria pulsação.

De repente, o som de passos ecoou atrás dela. Kaelith virou-se rapidamente, empunhando sua lâmina curva. A sombra de um homem emergiu da escuridão.

“Você é rápida,” disse ele, com um sorriso arrogante. “Mas não o suficiente.”

Antes que Kaelith pudesse reagir, o homem desapareceu em uma névoa, reaparecendo atrás dela. Uma luta feroz começou, com lâminas cruzando-se e magia crepitando no ar. A batalha terminou com Kaelith ofegante, sua lâmina apontada para a garganta do homem caído.

“Quem é você?” exigiu ela, sua voz cortante como o aço que empunhava.

“Meu nome é Ardyn,” respondeu ele, sem um pingo de medo. “E estou aqui para ajudá-la.”

Capítulo 4: As Ruínas do Templo

Guiada por Ardyn, Kaelith finalmente chegou às ruínas do Templo das Chamas Eternas. O local, uma vez grandioso, agora era um emaranhado de colunas caídas e brasas apagadas. Mas algo pulsava ali, uma força antiga que parecia chamá-la. Ardyn, sempre enigmático, revelou partes de sua história: ele era um ex-membro do Conclave das Sombras, mas havia desertado ao perceber os verdadeiros planos da ordem.

“Eles querem controlar você, Kaelith,” disse Ardyn enquanto caminhavam pelas ruínas. “Mas seu poder não pertence a eles.”

No coração do templo, Kaelith encontrou um altar com uma tocha apagada. Ao tocar a pedra fria, uma onda de calor atravessou seu corpo, e memórias ancestrais inundaram sua mente. Ela viu visões de seus antepassados, de batalhas travadas para manter Eldoria em equilíbrio. E então ouviu uma voz: “Você é a Guardiã. Restaure a chama.”

Kaelith, com a ajuda de Ardyn, realizou um ritual antigo, reacendendo a tocha com um fogo dourado que iluminou as ruínas. Mas esse ato chamou a atenção do Conclave, que enviou seus agentes para capturá-los.

Capítulo 5: Fuga e Aliança

A fuga do templo foi marcada por emboscadas e traições. No caminho, Kaelith e Ardyn encontraram outros que se opunham ao Conclave, formando um grupo de aliados improváveis: um mago exilado, uma guerreira caçadora de recompensas e um ladrão com um passado misterioso. Juntos, eles planejaram um ataque ao coração do Conclave.

Capítulo 6: A Jornada para Ashtaroth

Com o grupo reunido, a próxima etapa da missão levou Kaelith e seus aliados a Ashtaroth, uma cidade subterrânea onde rumores diziam que o Conclave possuía um de seus quartéis-generais mais antigos. O caminho foi repleto de desafios, incluindo um ataque de criaturas deformadas pelas trevas. Cada batalha aproximava o grupo, mas também testava sua confiança mútua.

Dentro de Ashtaroth, eles descobriram um artefato antigo, um espelho que revelava fragmentos do futuro. Kaelith viu sua própria imagem, mas algo estava errado: no reflexo, ela estava sozinha.

Capítulo 7: O Traidor Entre Nós

Enquanto o grupo planejava sua próxima ação, tensões começaram a crescer. Pequenos incidentes sugeriam que alguém estava vazando informações para o Conclave. O traidor finalmente se revelou durante uma emboscada em um desfiladeiro: era Ardyn.

Ardyn, manipulando as circunstâncias, explicou que sua traição era necessária para proteger Kaelith de um destino pior. Mesmo assim, ele foi capturado pelos outros, deixando Kaelith dividida entre confiar nele ou abandoná-lo.

Capítulo 8: O Portal para a Eternidade

No coração de Eldoria, o grupo encontrou o Portal para a Eternidade, um local sagrado que conectava o plano material ao reino das sombras. A energia do portal alimentava a entidade servida pelo Conclave. Kaelith, com a tocha das Chamas Eternas, enfrentou a líder do Conclave, uma mulher poderosa chamada Xirene, que revelou ser sua tia distante.

A batalha foi épica, com Kaelith precisando da força de todos os seus aliados para triunfar. No entanto, ao selar o portal, ela foi forçada a sacrificar Ardyn, que se redimiu nos momentos finais.

Capítulo 9: O Fardo da Guardiã

Com o portal fechado e o Conclave desmantelado, Kaelith e seus aliados começaram a restaurar a paz em Eldoria. No entanto, o preço da vitória era pesado. Os sacrifícios feitos pelo grupo deixaram cicatrizes profundas, tanto físicas quanto emocionais.

Epílogo: O Legado da Chama

Nos séculos que se seguiram, histórias sobre Kaelith se tornaram lendas contadas ao redor de fogueiras e registradas em pergaminhos dourados. Eldoria floresceu, mas nunca esqueceu a Guardiã que caminhava entre luz e sombras, mantendo o equilíbrio que unia o mundo.

Alguns dizem que, em noites de lua cheia, uma figura pode ser vista nas montanhas de Lurestan, observando as estrelas. Outros acreditam que a Guardiã continua sua jornada, pronta para responder ao chamado sempre que o equilíbrio de Eldoria for ameaçado.

E assim, o legado de Kaelith perdura, um lembrete eterno de que a verdadeira coragem reside em abraçar tanto a luz quanto as sombras dentro de si.

Fantasia